Solidão que vira refúgio: o silêncio que me salvou – por André Luiz Santiago Eleutério

Foto de André Luiz Santiago Eleutério, autor do Pensamento Diário com reflexões emocionais sobre a vida
André Luiz Santiago Eleutério

Tem dias em que a gente só quer silêncio. Só isso. Um canto sem cobrança, sem vozes que opinam sem conhecer a nossa dor. Um espaço onde ninguém nos julga, onde não é preciso explicar nada. Eu aprendi que, às vezes, a solidão não é um castigo. É um abrigo. Um lugar de cura.

As pessoas falam demais. Julgam sem saber. Esperam que você sorria mesmo quando tudo dentro de você está desmoronando. Querem que você se encaixe em moldes que não foram feitos pra você. E quando você se recusa, dizem que você está errado. Que precisa mudar. Que precisa “se adaptar”.

Mas e se o problema for exatamente esse: tentar caber em um mundo que nunca te acolheu de verdade?

Eu, André Luiz Santiago Eleutério, sempre me senti fora do lugar. Desde cedo, percebi que o que me fazia bem era diferente do que esperavam de mim. Enquanto muitos queriam aplausos, eu só queria paz. Enquanto alguns buscavam se destacar, eu buscava um cantinho tranquilo onde eu pudesse ser eu mesmo, sem máscaras, sem esforço, sem fingimento.

Foi difícil aceitar isso no começo. Eu achava que tinha algo de errado comigo. Por que eu preferia ficar sozinho? Por que me sentia cansado em meio a tanta gente? Por que a presença dos outros, às vezes, pesava mais do que a ausência?

A resposta veio com o tempo, com as quedas, com o silêncio. Eu não queria fugir das pessoas. Eu queria me encontrar. E pra isso, precisei me afastar. Primeiro das vozes barulhentas. Depois, das cobranças que não me pertenciam. Mais tarde, das versões forçadas de mim que eu criava só pra agradar.

E quando tudo silenciou, veio a dor. Uma dor crua, solitária, real. Mas também veio a verdade. Descobri, ali no silêncio, o que é acolhimento. Descobri que a solidão pode ser um ninho onde a gente se reconstrói. Descobri que não preciso me encaixar para ter valor. Eu sou suficiente sendo quem sou.

Não foi fácil. Ainda não é. Porque o mundo continua exigindo sorrisos, performance, resultados. Mas eu sigo escolhendo a leveza. Não uma leveza falsa, de quem finge que está tudo bem. Mas uma leveza verdadeira, de quem aceita que nem sempre vai agradar, e tudo bem.

Hoje, se eu escolho o silêncio, não é porque estou triste. É porque estou cansado de ruídos vazios. Se escolho a solidão, é porque, muitas vezes, ela é mais verdadeira do que companhias forçadas. Se me afasto, é porque aprendi a me respeitar.

Eu já estive perto de desistir de mim. Já fui dominado pela tristeza. Já me questionei demais. Mas agora entendo: o problema nunca foi ser diferente. O problema foi tentar ser igual. E isso, sim, me machucava.

Hoje eu caminho com mais calma. Com mais cuidado. Não quero correr pra agradar ninguém. Quero apenas me manter em pé, inteiro, verdadeiro. E isso já é muita coisa.

Não me incomoda mais não ser compreendido. O que me importa é ser respeitado. E se, para isso, eu precisar escolher o silêncio, então que seja. Porque no silêncio eu me ouço. No silêncio, eu me entendo. E, aos poucos, vou me amando.

Não se trata de isolar-se do mundo. Trata-se de se proteger dele quando for necessário. Trata-se de escolher estar só quando a companhia não soma. Trata-se de reconhecer que estar em paz é melhor do que estar cercado de vozes que nos ferem.

O mundo ensina que estar só é fracasso. Mas eu aprendi que estar só, às vezes, é vitória. É coragem. É maturidade. É autocuidado. E é ali, nesse espaço de silêncio, que reencontrei a minha fé, minha força, e meu sentido de existir.

Eu ainda tenho dias difíceis. Ainda me sinto perdido, em alguns momentos. Mas agora, eu me abraço. E isso faz toda a diferença.

Se você também sente que não se encaixa, que o mundo cobra demais, que o barulho lá fora te machuca… saiba que você não está sozinho. Às vezes, a solidão é exatamente o que a gente precisa pra lembrar quem somos.

Se for preciso, se recolha. Se abrace. Escolha o silêncio, mesmo que o mundo grite. Porque é nesse silêncio que você vai encontrar sua verdade. E acredite: ela vale mais do que qualquer aplauso.

Autoria Andre Luiz Santiago Eleuterio

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